Última actualização: 2023-12-15
O Ministério da Economia e Finanças pretende ligar cerca de 3.300 grupos de poupança ao sistema financeiro nacional em todo o país até Setembro de 2024. O director-geral do Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia (FARE), Augusto Isabel, anunciou a medida na última segunda-feira, à margem do 11.º Fórum de Grupos de Poupança e Crédito Rotativo (GPCR), que decorre em Maputo, no âmbito do lema: “Promover a Sustentabilidade dos Grupos de Poupança e Crédito Rotativo e a sua ligação ao Sistema Financeiro Formal”.
O gestor explicou que esta é uma medida alinhada com a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira, que visa facilitar o acesso aos serviços financeiros a todos os moçambicanos.
“O objectivo principal é saber como podemos atingir as nossas metas no âmbito do Projecto de Financiamento de Empresas Rurais (REFP), e a meta é atingir 3.300 grupos de Poupança e Crédito Rotativo, o que representa mais ou menos uma média de 25 membros por grupo”, disse a fonte.
“Isto também está em linha com a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2016-2022, que já terminou, mas as acções continuam. Todos os moçambicanos devem ser incluídos financeiramente para que tenham acesso aos serviços financeiros”.
Em 2016, existiam mais de 12.000 grupos de poupança e crédito rotativos, cujas poupanças equivale a cerca de 11 milhões de dólares americanos.
Embora o Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia não considere estes montantes elevados, pretende, no entanto, “colocar estas poupanças no sistema financeiro para que possa assumir o controlo do volume de recursos que circulam nestas comunidades”.
Muitas comunidades estão actualmente a poupar transportando grandes somas de dinheiro em malas ou caixas de madeira, o que representa um risco em caso de eventos climáticos como inundações que possam destruir o dinheiro. O director-geral também apontou a localização remota de grande parte da população como um desafio para a inclusão destes grupos nos sistemas financeiros formais.
“Temos vários desafios e um deles é a localização desses grupos”, disse. “Embora tenhamos iniciativas como ' Um Distrito, Um Banco', as distâncias destas comunidades para aceder a estes bancos ainda são um desafio. Queremos também pensar sobre quais soluções tecnológicas podem ser utilizadas para acessar serviços financeiros.”
O Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia já está a trabalhar para legalizar estas entidades, registando-as como bancos comerciais ou instituições de moeda electrónica.
Última actualização: 2024-05-28
O Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, de 15,75% para 15,00%. Em conferência de imprensa, o Governador do Banco Central, Rogério Zandamela, explicou que a decisão é sustentada pela contínua consolidação das perspectivas de inflação em um dígito, no médio prazo, num contexto em que a avaliação dos riscos e incertezas associados às projecções mantém-se favorável.
A última sessão do Comité de Política Monetária (CPMO) foi precedida pela reunião do Comité de Estabilidade e Inclusão Financeira do Banco de Moçambique, que fez uma avaliação da evolução do risco sistémico e principais vulnerabilidades, e concluiu que o sistema financeiro nacional continua estável e resiliente.
Segundo Zandamela, as perspectivas de inflação mantêm-se em um dígito no médio prazo, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical, o reflexo das medidas tomadas pelo CPMO, e o impacto menos gravoso dos conflitos geopolíticos sobre a cadeia logística e preços das mercadorias no mercado internacional. Em Abril de 2024, a inflação anual fixou-se em 3,3%, após 3,0% em Março.
“O sector bancário mantém-se sólido, capitalizado e resiliente. Em Março de 2024, o rácio de solvabilidade fixou-se em 25,1%, acima do mínimo regulamentar de 12,0%, e o rácio de liquidez foi de 50,2%, igualmente acima do nível regulamentar de 25,0%. O teste de esforço de solvência macro-prudencial, que consiste na simulação de choques para avaliar a resiliência do sector bancário, mostrou que este sector tem reservas de capitais suficientes para absorver potenciais perdas e manter-se sólido e capitalizado no médio prazo”, disse o Governador.
Falando a jornalistas e a funcionários do Banco de Moçambique, Zandamela disse ainda que o risco sistémico, que avalia o potencial efeito de contágio decorrente de perturbações no sistema bancário, é moderado. Este comportamento reflecte a recuperação gradual da actividade económica, a estabilidade do Metical e a recente evolução da inflação.
Entretanto, o CPMO notou o aumento da exposição do sector bancário ao endividamento público. Zandamela disse que a dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 361,8 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 49,5 mil milhões de Meticais em relação a Dezembro de 2023.
Por fim, o Governador do Banco de Moçambique assegurou que o CPMO continuará com o processo de normalização da taxa MIMO no médio prazo, tendo, porém, ressalvado que o ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspectivas de inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções do médio prazo.
Última actualização: 2023-05-16
A equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada pelo Sr. Pablo Lopez Murphy, que trabalhou em Moçambique de 24 de Abril a 5 de Maio de 2023, concluiu que a recuperação económica de Moçambique ganhou ímpeto e os sectores mais afectados pelo COVID-19 (hotelaria, transporte e comunicações) recuperaram e a agricultura beneficiou de chuvas favoráveis.
A missão que trabalhou em Moçambique no contexto da Segunda Revisão ao abrigo do acordo Mecanismo de Crédito Alargado (ECF, sigla em Inglês), indicou no seu comunicado de imprensa que o crescimento económico do país em 2022 foi de 4,1% prevendo-se que alcance 5% em 2023. A retoma do crescimento é parcialmente impulsionada pelas indústrias extractivas, incluindo o primeiro projecto de Gás Natural Liquefeito (Coral Sul), que iniciou a produção em outubro de 2022.
Durante a sua estadia em Moçambique, a equipa técnica do FMI reuniu-se com o Primeiro-ministro, Adriano Maleiane, o Ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, com Associação Moçambique de Bancos (AMB), entre outros altos funcionários, representantes da sociedade civil, parceiros de desenvolvimento e o sector privado.
Com a AMB, o encontro com a missão técnica do FMI serviu para avaliar o interesse da banca comercial no âmbito do programa de promoção de poupança e de Inclusão Financeira e discussão sobre o Fundo de Garantia e os critérios de acessibilidade ou elegibilidade de acordo com os rácios provinciais.
Última actualização: 2023-05-10
A produção de minerais registou um crescimento significativo no ano de 2021 de acordo com dados do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), publicados há dias pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A melhoria das condições técnicas, bem como a retoma das indústrias após a pandemia da Covid-19 são apontadas como os principais factores para esse cenário.
Dos vários minerais, o destaque vai para o crescimento do grupo de metálicos, nomeadamente, o ouro, cuja produção aumentou 56.7%, tendo saído de 488 kg em 2020 para 764 kg em 2021. No grupo de metálicos destaca-se também o aumento da produção do rutilo que atingiu 49.6%, tendo em termos concretos passado de 5.9 mil toneladas em 2020 para 8.9 mil toneladas em 2021.
Ainda no grupo de minerais metálicos, destacou-se o crescimento da produção de areias pesadas em 75.6%. Em 2020, a produção total de areias pesadas, em todo o país, situou-se em 7 mil toneladas, mas em 2021 a quantidade subiu para 12.8 mil toneladas.
Já no grupo dos minerais não metálicos, o berilo cresceu 314.6%, tendo as quantidades aumentado de 80 toneladas em 2020 para 330 toneladas em 2021. Nesse grupo, o grafite também cresceu 324.7%, o que fez aumentar as quantidades produzidas de 18 mil toneladas em 2020 para 77 mil toneladas em 2021. Dos minerais não metálicos, o quartzo é que cresceu ainda mais ao atingir 628.1%. Aqui as quantidades produzidas em 2020 situaram-se em 163 mil kg para pouco mais de 1 milhão de kg.
Dos minerais não metálicos estão também as pedras preciosas e semi-preciosas, em que se encontram as turmalinas e rubis que cresceram 233.8% e 213.5%, tendo as quantidades aumentado de 110 kg para 2.6 mil kg e 1.5 mil carates para 5 mil carates, entre 2020 e 2021, respectivamente.
Já no grupo de minerais combustíveis, a produção do carvão coque cresceu 22.7% e o carvão térmico 58.6%, tendo as quantidades aumentado de 4.6 mil toneladas para 5.7 mil toneladas e de 3.3 mil toneladas para 5.3 mil toneladas, entre 2020 a 2021, respectivamente.
“O aumento de produção foi devido ao melhoramento das capacidades técnicas de produção, retoma das operações de empresas de mineração outrora impactadas negativamente pela pandemia da Covid-19 e maior controlo das actividades de mineração artesanal assim como acções de rastreio da Unidade de Gestão do Processo Kimberley”, lê-se no Relatório Estatístico da Indústria Extractiva 2020-2021, do INE.
No que toca às exportações, o mesmo relatório refere que o grupo de minerais não metálicos e minerais combustíveis registou maior volume de produtos exportados. Entretanto, revela ter-se verificado um decréscimo das vendas no mercado interno de 2020-2021, nomeadamente, do carvão térmico (53.6%), calcário (60%), pedra para construção (78.5%) e argila (96.1%); um aumento de 293.5% de diatomite e areia para construção em 9.5%.
Em relação aos hidrocarbonetos, a produção de gás natural registou um aumento de 1.2%, tendo a quantidade se situado em 188 milhões de Gigajoule em 2021 contra 185.8 milhões de Gigajoule de 2020 e uma queda de 5.3% na produção do gás condensado (os valores atingiram 281 mil barris em 2020 contra 266 mil barris em 2021); a exportação de gás natural reduziu em 0.4% e o gás condensado em 3,7%; a venda no mercado interno apresentou um crescimento em 1.4% entre o ano de 2020 e 2021.
Última actualização: 2023-02-15
O Conselho dos Serviços de Representação do Estado na Cidade de Maputo (CSRECM) reportou esta semana ter registado um crescimento na produção global de receitas na ordem de 52.6%.
Concretamente, após o balanço anual do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado 2022 (PESOE 2022), havido há dias, o CSRECM reportou que a produção global registada foi de 70.3 mil milhões de Meticais, correspondente a 106.3% da realização do plano anual fixado em 66.1 mil milhões de Meticais e um crescimento em 52.6% face a igual período de 2021 em que se registou 46.1 mil milhões de Meticais.
Em termos de contribuição ou peso na produção global, o CSRECM detalhou que o sector da Indústria Transformadora teve 28.14%, Alojamento, Restauração e Similares, Transportes e Comunicações, ambos com uma contribuição de 20,99% respectivamente, na estrutura da produção global de receitas.
A execução global de despesas foi de 8.6 mil milhões de Meticais, verba que corresponde a uma realização de 92,47% do Orçamento Global fixado em 9.5 mil milhões de Meticais. De acordo com um comunicado emitido pelo CSRECM após o balanço, do Orçamento total, 8.1 mil milhões de Meticais destinaram-se a despesas de Funcionamento e os 474.6 milhões de Meticais para o Investimento. Quando comparando com a execução global de 2021 (7.5 mil milhões de Meticais) verifica-se um crescimento em 14,72%.
Já o PESOE de 2023, aprovado através da Lei nº 29/2022 de 30 de Dezembro, fixa um orçamento de 7.2 mil milhões de Meticais para a Cidade de Maputo. A nota refere ainda que no PEOSE de 2023 está projectada, para a Cidade de Maputo, uma produção de receitas no montante de 73.4 mil milhões de Meticais, valor que representa um crescimento em 15.23% se comparado com o planificado em 2022 que foi de 63.7 mil milhões Meticais.
Última actualização: 2023-03-20
O Banco Mundial revelou que a economia moçambicana acelerou 4,1 por cento em 2022, liderada pelos sectores de agricultura e serviços que contribuíram com 60 por cento do crescimento total registado, fruto da melhoria da produtividade e fornecimento de serviços.
Segundo a AIM, destacam-se no topo das causas os investimentos em insumos, desde 2019, tais como sementes melhoradas, irrigação e maquinaria que impactaram positivamente no aumento dos índices de produção e produtividade, e os serviços privados que cresceram quatro por cento contra um por cento de 2021.
Os dados constam da actualização económica de Moçambique feita pelo Banco Mundial referente a 2022, na qual faz uma abordagem exaustiva sobre o papel dos serviços no crescimento económico e geração de emprego em Moçambique.
“Os serviços e agricultura foram responsáveis por 60 por cento do crescimento total registado em 2022, reflectindo, em grande parte, a retoma total da mobilidade e a melhoria da produtividade agrícola”, lê-se na abordagem do Banco Mundial.
Última actualização: 2022-11-24
Os operadores da área de energias renováveis reuniram-se há dias, em Maputo, para defender maior aposta na utilização de tecnologias fornecidas pelo sector nos projectos agrícolas e industriais.
De um modo geral, estas constituem soluções competitivas, confiáveis e rentáveis numa altura em que cresce a exigência global de utilização de energias amigas do ambiente. Dado o facto de o sector ser incipiente em Moçambique, o evento serviu para sensibilizar e informar os profissionais do sector agrícola e industrial sobre a oferta existente, os benefícios e as poupanças que podem obter a partir destas tecnologias.
Em representação da Delegação da União Europeia em Moçambique, Verlee Smet destacou durante a sessão de abertura que o país “realizou progressos satisfatórios ao longo do último ano com a adopção do Regulamento de Acesso à Energia nas zonas Fora da Rede e da nova Lei da Electricidade”.
Falando perante perto de uma centena de empresários do sector de energias renováveis, indústria e agricultura, Smet anunciou que a Iniciativa de Financiamento da Electrificação (ou ElectriFI), financiada pela União Europeia, que investe em empresas em fase inicial e em projectos de acesso à energia, estará activa para Moçambique a partir de Janeiro, com um orçamento de 15 milhões de euros.
Por seu turno, o representante da Embaixada da Alemanha em Moçambique, Thierry Kuhn, referiu que as energias renováveis podem contribuir não só para garantir acesso, mas também a poupança e, por sua vez, incentivam a competitividade dos sectores agrícola e industrial que empregam grande parte da população moçambicana.
Em nome do sector empresarial, o Presidente da Associação Industrial de Moçambique (AIMO), Rogério Samo Gudo, realçou: “o que limita o crescimento da indústria é a competitividade e um factor essencial é o custo - as energias renováveis não só permitem sermos mais competitivos, mas também ter uma produção mais responsável e sustentável”. Entretanto, o empresário reiterou a necessidade de se trabalhar nas soluções de financiamento que garantam períodos de retorno do investimento mais curtos.
Já o Presidente da Federação Nacional das Associações Agrárias de Moçambique (FENAGRI), Hernani Mussanhane, salientou que falar de energias renováveis é falar da mitigação dos efeitos das alterações climáticas e que a actividade agrícola é a que mais sofre. Neste sentido, referiu: “as energias renováveis podem ser determinantes para viabilização da actividade agrícola graças à sua facilidade de instalação e podem compensar o fornecimento da rede eléctrica” e voltou a frisar: “o custo será um factor decisivo, já que os agricultores trabalham com margens muito pequenas”.
O evento foi organizado pela Associação Moçambicana de Energias Renováveis (AMER) em parceria com a sua congénere de Portugal e possibilitou que fosse dado o primeiro passo para garantir a colaboração entre agricultores, empresários, empresas prestadoras de serviços e financiadores.
Última actualização: 2022-10-20
O PIB real cresceu, em termos anuais, em 4,6% no II trimestre de 2022, impulsionado pela progressiva retoma da actividade económica, em face do alívio das medidas restritivas, num contexto de melhoria dos preços das commodities e da procura externa. Estes factores, aliados à execução de projectos energéticos estruturantes no país e à retoma do apoio directo ao orçamento do Estado, justificam a manutenção das perspectivas de crescimento do PIB no curto prazo, indica um estudo do Banco de Moçambique sobre sobre a Conjutura Económica Perspectivas de Inflação publicado, recentemente na sua página de internet.
Em relação à inflação anual, o estudo refere que prevalecem as perspectivas de aceleração no curto prazo, a reflectir, essencialmente, o ajustamento dos preços de bens administrados e o aumento dos preços de produtos alimentares, num cenário ainda marcado por elevadas incertezas quanto aos efeitos do prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
A expansão da actividade económica, que se situou 50pb acima do observado no I trimestre, é explicada pelo contínuo alívio das medidas restritivas, que tem possibilitado a retoma dos sectores de actividade e a melhoria da procura interna, num contexto em que os preços das commodities de exportação se mantiveram favoráveis e se observou uma melhoria da procura externa, evidenciada, sobretudo, pelo desempenho alcançado pela indústria extractiva.
Em termos de componentes da procura agregada, destaca-se: i) Amelhoria da procura externa, impulsionada pelo aumento do preço das commodities e o consequente aumento das exportações e redução do défice da conta corrente no II trimestre de 2022.
Em relação à economia internacional, o estudo revela que para 2022 e 2023, mantêm-se as perspectivas de abrandamento do crescimento económico mundial, com ênfase para as economias avançadas e emergentes, devido (i) ao prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, (ii) ao refreamento do crescimento da China em face dos recentes lockdowns impostos para controlar a COVID-19 e (iii) às condições monetárias mais restritivas, que visam conter as crescentes presses inflacionárias.
No II trimestre de 2022, a actividade económica manteve a tendência de refreamento na maior parte dos principais parceiros comerciais do país. Nas economias avançadas, destaca-se os Estados Unidos da América (EUA), onde o crescimento do produto interno bruto (PIB) continua a abrandar, devido ao efeito combinado da redução da despesa pública e sucessivos agravamentos da taxa de juro de política monetária.
Nas economias emergentes, realçam-se a China e a África do Sul, que registaram uma significativa desaceleração do crescimento do PIB, explicada, sobretudo, pelos lockdowns e pela crise energética, respectivamente.
Última actualização: 2022-04-21
A desvalorização do metical face ao dólar e o aumento dos custos de aquisição de combustível têm estado a contribuir para a redução da capacidade de importação de medicamentos e de outros bens essenciais para este sector.
De acordo com um relatório do Observatório Cidadão para Saúde, partilhado semana finda, a média da taxa de câmbio antes e depois das chamadas dívidas não declaradas chegou a duplicar e com períodos de significativa instabilidade, sendo que as dívidas ocultas originaram um choque na taxa de câmbio propiciando o rápido e contínuo crescimento da variação cambial.
Entretanto, a subida do preço do combustível poderá ainda encarecer as despesas normais de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), assim como poderá aumentar a demanda dos serviços deste sector.
Significa que o sector da saúde será gravemente afectado pela inflação desencadeada pela redução da oferta internacional de combustíveis e pela deficiência histórica que se traduz na falta de uma robusta capacidade de resposta aos problemas básicos das populações, dado que pouco se investiu ao longo dos anos.
Assim, as deficiências encarecem ainda mais a resposta do sector, visto que tem havido uma elevada procura de serviços de saúde, num país em que a maior parte da população vive com menos de um dólar por dia.
Em relação ao orçamento realizado e planificado, tendo em conta o número de crianças que beneficiam do tratamento anti-retroviral (TARV), constata-se que o sector da saúde foi tremendamente abalado pelo impacto das Dívidas Ilegais. O abalo poderá, em parte, repetir-se por conta da actual subida do preço dos combustíveis.
O documento refere que o fraco investimento no sector da saúde, nos últimos 10 anos, inviabiliza o cumprimento da Declaração de Abuja, que prevê a alocação mínima de 15% da despesa total para o sector da saúde. Entre 2010 e 2011, os níveis de alocação da despesa pública para o sector da saúde foram em média de 8%, chegando ao mínimo de alocação na ordem dos 7%.
Estes dados evidenciam a fragilidade na alocação do orçamento aos sectores sociais prioritários, incluindo o sector da saúde (que tem impacto directo na vida das populações), assim como os sectores de Protecção Social, Água e Saneamento, que chegam a receber somente um por cento (1%) do Orçamento do Estado, respectivamente.
Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, recomendou que os governos usassem no mínimo por ano 60 dólares com as despesas de saúde por cada habitante. Porém, verifica-se o total incumprimento desta medida, visto que o governo moçambicano gastou, em 2016, cerca de 12 dólares por habitante, valor cinco vezes inferior ao recomendado. No entanto, em 2020, houve um aumento de apenas quatro dólares, o que mostra que há um défice orçamental no sector da saúde, ou seja, está-se ainda muito distante da meta de 60 dólares. Refira-se que, em 2020, a OMS actualizou a despesa anual mínima deste sector, necessária por cada habitante para 87 dólares.
Última actualização: 2022-04-21
De acordo com o arrolamento de 2021, os dados resultam de várias intervenções tendentes a tornar o país uma referência no sector, numa altura em que o efectivo pecuário está avaliado em cerca de 70,9 biliões de meticais, equivalentes a cerca de 1 bilião de dólares.
Um documento enviado à nossa redacção indica que o crescimento registado na pecuária foi de 9%, sendo superior à média registada dos últimos 10 anos, de 4,4%. O ano de 2021 fica assim marcado como o segundo ano consecutivo de registo de crescimentos acima da média.
Por outro lado, governo investe anualmente 421 milhões de meticais em vacinas, medicamentos e drogas carracicidas e o país, através do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, já atingiu 90% de cobertura de vacina animal.
Neste momento, decorre, à escala nacional, a campanha de vacinação, edição 2022, lançada no distrito de Búzi, província de Sofala. Trata-se de uma acção que visa consciencializar as comunidades, criadores e as estruturas administrativas locais sobre a importância e necessidade de imunizar os animais. A vacinação animal visa reafirmar o compromisso do Governo em assegurar que mais de 80% de gado esteja protegido contra as doenças de impacto na saúde Pública.
Em 2021, registou-se um crescimento na cobertura vacinal médio, ao passar de 62% em 2020 para 86,75%, com destaque para Carbúnculo Hemático e Carbúnculo Sintomático que atingiram uma cobertura de 81% e 85%.
A Febre Aftosa é a doença com maior impacto negativo na economia, porque a sua ocorrência pode gerar interdição das transacções comerciais do país com outros mercados internacionais, tanto de produtos de origem animal como os vegetais, provenientes das zonas afectadas.
Na Campanha 2021 não houve o registo da Febre Aftosa depois de quatro anos de ocorrência sucessiva desta doença. A não ocorrência desta doença deveu-se ao maior rigor na implementação de medidas de prevenção, nomeadamente: cobertura de vacinação em cerca de 98%; registo obrigatório e monitoria de transporte/transportadores de animais e de marchantes (comerciantes de gado); licenciamento e emissão de credenciais provinciais (documento que autoriza o movimento de animais); e testagem prévia de animais para mobilidade interdistrital/provincial. Nos últimos 10 anos, o cumprimento da obrigação de vacinação e banhos tem representado o principal desafio para o crescimento do sub-sector pecuário.
Última actualização: 2022-01-06
O indicador do clima económico (ICE) inverteu a tendência negativa que vinha registando desde o quarto trimestre de 2020, ao aumentar de forma ténue, tendo mesmo assim o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série temporal.
De acordo com relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE), sobre a matéria, esta conjuntura ligeiramente favorável da economia deveu-se, ao nível agregado, às perspectivas favoráveis da procura de emprego a curto prazo, dando assim sinais de recuperação da conjuntura económica.
“Se avaliarmos o indicador do clima económico por sector de actividade, constata-se que o aumento se deveu, fundamentalmente, à avaliação ligeiramente abonatória da conjuntura nos sectores dos serviços e da produção industrial que juntos suplantaram o sentimento negativo em relação à economia registado no sector de comércio”, descreve o INE em relatório.
No quarto trimetre de 2021, a Autoridade Estatística constatou ainda que o indicador da perspectiva da procura registou um incremento ligeiro se comparado com o trimestre anterior, tendo o respectivo saldo atingido o nível mais alto dos últimos três trimestres da série temporal. “O incremento ligeiro da procura futura no trimestre em análise deveu-se à avaliação positiva do indicador nos sectores dos serviços e da produção industrial que suplantaram o sector de comércio que previu em baixa a procura face ao terceiro trimestre”, explica a fonte.
No último trimestre do ano passado, o INE constatou igualmente que o indicador da perspectiva de emprego mostrou sinais de recuperação, facto que acontece após uma ligeira queda no trimestre anterior, tendo mesmo assim o seu saldo continuado abaixo da média da respectiva série temporal. A Autoridade argumenta que a recuperação da perspectiva de emprego deveu-se à alta previsão do emprego futuro em todos os sectores, com maior destaque em termos de amplitude para o sector da produção industrial, que se expandiu no período em análise.
“O indicador de perspectiva dos preços prolongou a trajectória ascendente pelo segundo trimestre consecutivo, a um ritmo ligeiro, tendo o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série temporal. O incremento dos preços futuros no trimestre em análise deveu-se à convicção dos empresários dos sectores do comércio e dos serviços de que os preços iriam aumentar, contrariamente aos empresários do sector da produção industrial que previram em baixa os preços futuros”, observou o INE.
Por fim, a Autoridade Estatística Nacional constatou que, no período em análise, em média, 42% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo, situação que representou um incremento de 3% de empresas com constrangimentos face ao trimestre anterior, com destaque para os sectores da produção industrial (48%) e de comércio (37%), facto contrário ao sector dos serviços (41%) que registou uma queda na proporção de empresas afectadas por algum obstáculo no seu desempenho no quarto trimestre.
Última actualização: 2022-01-06
A taxa única de referência para as operações de crédito de taxa de juro variável no sistema financeiro moçambicano (ou Prime Rate) entra para 2022 muito elevada (mantém-se há quatro meses), facto que não é bem visto por empresários e famílias com crédito na banca.
Desde Outubro passado, está fixada em 18,60%. Ora, quanto mais elevada é a Prime Rate, maiores são as taxas de juro na banca comercial para as famílias e empresas.
De acordo com um comunicado emitido pelo Banco de Moçambique e Associação Moçambicana de Bancos (AMB), a Prime Rate a vigorar no mês de Janeiro corrente é de 18,60%.
A Prime Rate aplica-se às operações de crédito contratualizadas (novas, renovações e renegociações) entre as instituições de crédito e sociedades financeiras e os seus clientes, acrescida de uma margem (spread) adicionada ou subtraída à taxa, mediante a análise de risco de cada categoria de crédito ou operação em concreto.
Os spreads das 14 instituições bancárias constantes no comunicado em referência indicam que, para empréstimos a particulares, a margem varia de 1% a 6% para o crédito à habitação e de 3% a 14,5% no crédito ao consumo.
Para as empresas, as margens variam de 0 a 5% para prazos de até um ano e de 1% a 6% em empréstimos de longo prazo. No leasing mobiliário, a margem varia de 2.5% a 7.7%, enquanto no leasing imobiliário, o spread varia de 1.5% a 7.7%